Prancha 05 - "O meu livro e eu" (storyboard)



Alguns raciocínios:

Nas primeiras três vinhetas, o ritmo narrativo e o mood é semelhante ao das vinhetas de pranchas anteriores. Por essa razão mantiveram-se os planos, enquadramentos e perspectiva utilizados (com imagens centradas ao nível dos olhos).

A 4.ª vinheta é o momento da despedida. A opção de um plano mais aproximado permite evidenciar a acção principal (o beijo de despedida). A porta do quarto em background determinou o enquadramento, uma vez que é um elemento importante que vai reforçar a saída do pai.

4.ª vinheta - Ordem de leitura visual  (a balonagem será determinante para reforçar ou desvirtuar a ordem de leitura):
1.º - A menina (num plano mais à frente) olha para o pai.
2.º - O pai inclina-se para a menina para se despedir com um beijinho.
3.º - Porta de saida.

Imagens: Na Imagem 2 estão assinalados:
- A grelha branca (4.ª vinheta) faz a divisão da vinheta em três partes iguais (regra dos terços) e tem como função auxiliar na composição.
- Orientação da Acção (setas a vermelho)
- Os pontos de interesse das vinhetas estão assinalados (pontos verdes)

Narrativa - Prancha 05 | Vinheta 04 (Cap. I)



Texto literário - 010:

Devagar e com solenidade, o pai retribui com um beijo na testa antes de voltar a deitá-la. Por momentos fica a observá-la até conseguir contrariar o desejo que tem de prolongar aquele momento.

Narrativa - Prancha 05 | Vinhetas 01 a 03 (Cap. I)



Texto literário - 009:

“Com um olhar sereno de quem grava aquele momento, o homem sorri e enquanto afaga o cabelo da menina profere as enigmáticas palavras:
— Com esse pequeno livro irás reencontrar a História.
Interrompendo o contacto visual com o livro, a menina olha para o pai na tentativa de compreender o significado do que ouviu, mas numa súbita mudança de expressão impulsiona o corpo e agarra-se afetuosamente ao pescoço do pai.
— Adoro papá! — diz, enquanto lhe beija a face.”

Prancha 04 - "O meu livro e eu" (storyboard)



Alguns raciocínios:

Prancha 4 (página par).
Nesta prancha recorreu-se pela primeira vez à utilização de uma tira de duas vinhetas pelas seguintes razões:

1.ª - Para marcar uma reciprocidade entre a menina e o pequeno livro.
2.ª - Para dar o devido destaque ao livro pois é a primeira vez que surge a oportunidade de o representar com detalhe.
3.ª - Para poder reduzir o ritmo da acção, aumentar o suspense e preparar a transição para a página seguinte. O facto do livro estar representado na maior vinheta da tira reduz o ritmo da acção. Existem outros factores que são utilizados em simultâneo para reforçar este efeito: o detalhe do livro (quanto maior for, maior será a pausa do leitor); A orientação do livro no sentido contrário ao da leitura (direita/esquerda) como já foi descrito na Prancha 2.

Recursos do autor para conduzir a audiência pela narrativa:
- Na 1.º Vinheta é utilizada a direcção da acção para orientar o olhar do leitor para a 2.ª vinheta de forma mais natural (setas a vermelho).
- Na 2.º Vinheta recorre-se ao olhar da menina para conduzir o leitor para a 3.ª vinheta (seta a vermelho).

A utilização da hiper-realidade (ou ocularização) na 3.ª Vinheta.
Por definição, a hiper-realidade é uma incapacidade que a consciência tem para distinguir a realidade de uma simulação.
Este recurso narrativo permite envolver o leitor de uma forma muito activa, transportando-o para a acção. Neste caso o leitor é colocado “na pele” da menina enquanto observa o livro.

Imagens: Na Imagem 2 estão assinalados:
- A grelha branca (1.ª vinheta) faz a divisão da vinheta em três partes iguais (regra dos terços) e tem como função auxiliar na composição. O centro da acção na 1.ª vinheta é o livro.
- Orientação da Acção (setas a vermelho)
- Os pontos de interesse das vinhetas estão assinalados (pontos verdes)


Narrativa - Prancha 04 | Vinhetas 01 e 02 (Cap. I)



Texto literário - 008:

"Surpreendida, observa aquela capa negra baça, cujas orlas são formadas por delicados arabescos em baixo relevo e que cintilam em sintonia com a luz dos relâmpagos.
No momento em que abre o pequeno caderno sente um aroma familiar que permanece enquanto folheia as suas espessas folhas brancas, amareladas pelo tempo. É um aroma de recordações agradáveis que revive numa estranha experiência enquanto folheia o pequeno caderno”.

Narrativa - Prancha 04 | Vinheta 01 (Cap. I)



Texto literário - 007:

Ao agarrar num pequeno caderno escondido entre os brinquedos, estende o braço e sem cerimónia entrega-o.
— É pra mim, Papá? Pergunta a criança abrindo os olhos surpreendida enquanto coloca os bracinhos de fora para o agarrar.
— Sim minha querida, é para ti… responde com uma voz segura, na tentativa de esconder uma estranha tristeza.
A menina agarra aquele objecto com ambas as mãos e com o cuidado de quem segura a mais preciosa jóia.

Prancha 03 - "O meu livro e eu" (storyboard)



Alguns raciocínios:

Nesta prancha, o objectivo é o envolvimento do leitor com os personagens através de uma narrativa lenta, calma, constante e equilibrada.
Para alcançar o objectivo, a leitura é feita segundo uma linha horizontal (a vermelho) que é definida pelo cenário (chão/parede) e pelo nível do olhar dos personagens. Esta horizontalidade reforça o equilíbrio e as imagens centradas reforçam a calma. 
 
Quanto ao enquadramento, nas primeiras vinhetas recorreu-se a um Grande Plano para comunicar a emoção das personagens.
Na 1.ª vinheta colocou-se uma câmara “A” por trás da menina e na 2.ª vinheta o Contra-Plano é dado pela câmara “B”, colocada atrás do pai. Estas duas vinhetas sugerem um diálogo entre personagens (Imagem 2). Na 3.ª vinheta, o Grande Plano é substituído por um plano mais aberto uma vez que é necessário revelar o local onde está escondido o livro que irá aparecer na vinheta seguinte. Por ser a primeira aparição, justifica-se a utilização de um Grande Plano na 4.ª vinheta, para o apresentar.

Nesta prancha é possível verificar que na 3.ª vinheta o movimento do pai não está consistente com o da 4.ª vinheta. O movimento de apanhar o livro é iniciado com o braço esquerdo (na 3.ª vinheta) e finalizado com o direito (na 4.ª vinheta). A função do storyboard é precisamente a identificação de erros narrativos antes que haja um investimento demasiado grande num desenho final, que se revele incorrecto.

Imagens: Na 1.ª tira (Imagem 2) está assinalada a orientação da narrativa (a vermelho), representada por uma linha definida pelo cenário (chão e parede) e pelo nível do olhar dos personagens. Os pontos de interesse das vinhetas estão assinalados a verde)
A grelha branca na 4.ª vinheta divide a vinheta em três partes e tem como função auxiliar na composição.