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Preâmbulo "O meu livro e eu" - Conclusão (storyboard)



Preâmbulo - 1.º Capitulo

O preâmbulo é construído com uma narrativa muito sóbria que tem como objectivo descrever a relação afectiva entre pai e filha. Para transmitir toda a emoção recorreu-se a uma perspectiva ao nível dos olhos, que é rompida apenas por duas vezes:

- 4.ª vinheta da prancha 2 - Esta vinheta faz uma pausa na narrativa, afastando a audiência da intimidade familiar. Este plano faz uma apresentação do quarto.

- 1.ª vinheta da prancha 7 - Este é mais um momento de afastamento que prepara o abraço que acontece na vinheta seguinte.

Prancha 06 (nova) - "O meu livro e eu" (storyboard)



Nova Prancha 06 - "O meu livro e eu" (storyboard)

Esta nova prancha descreve a relação que se cria entre o livro e a menina.
Nesta cena a câmara roda à volta da menina fixando-se nos olhos, que observam, como que hipnotizada, as páginas brancas-amareladas do pequeno caderno. Naquele momento parece criar-se um elo entre os dois.

Imagem: Na Imagem 2 estão assinalados:
- Pontos de interesse (pontos a verde).
- Orientação de leitura (setas a vermelho)

Prancha 03 (nova) - "O meu livro e eu" (storyboard)




Nova Prancha 03 - "O meu livro e eu" (storyboard)

Esta prancha foi introduzida para descrever o aspecto físico do pai com mais detalhe. Para além da indumentária (t-shirt preta, brinco ou o cinto) é importante que a tatuagem seja apresentada, pois é um elemento importante que irá marcar um momento específico da história no futuro.
Apesar do ritmo de leitura ser semelhante ao das outras pranchas do preâmbulo, o memento representado nesta prancha torna-se mais contemplativo o que reforça a serenidade do momento. Na 4.ª vinheta já é possível ver o livro escondido pelo pai para que pudesse surpreender a filha.
Orientação da leitura:
1.º - A leitura nesta prancha inicia-se ao nível dos olhos das personagens da 1.ª vinheta e vai descendo para o brinco (2.ª vinheta) até chegar à tatuagem  (3.ª vinheta).
2.º - Da 3.ª vinheta para a para a 4.ª vinheta leitor é conduzido pela inclinação do braço e pela ponta da tatuagem.
3.º - Da 4.ª vinheta para a para a 5.ª vinheta, a orientação é feita segundo uma linha horizontal, do  livro para a fivela.

Imagem: Na Imagem 2 estão assinalados:
- Pontos de interesse (pontos a verde).
- Orientação de leitura (setas a vermelho)

Preâmbulo "O meu livro e eu" - novas páginas (storyboard)



Novas páginas do preâmbulo (1.º capitulo):

Com a alteração do preâmbulo foram introduzidas as pranchas 3 e 6 (imagem acima) e corrigida a prancha 7 (imagem acima).

Scott McCloud no seu livro Making Comics, classifica as trasições entre vinhetas em seis tipos diferentes: 1.º- Moment-to-Moment; 2.º- Action-to-Action; 3.º- Subject-to-subject; 4.º- Scene-to-Scene; 5.º- Aspect-to-Aspect; 6.º- Non-Sequitur.
Nas pranchas 3 e 6, para descrever os personagens (quer fisica quer psicologicamente) recorreu-se à transição aspect-to-aspect que foi explicada por McCloud com mais detalhe no livro Understanding Comics. Segundo o autor, esta transição é utilizada para estabelecer um ambiente ou transmitir um sentido de espaço. As vinhetas contemplativas dão a sensação ao leitor que o tempo congela naquele momento. MacCloud conclui que, em vez de o leitor actuar como uma ponte entre vários momentos separados, lê um conjunto de vinhetas como sendo um único momento.
Na análise que McCloud fez a comics criados em vários países, por vários autores e géneros, concluiu que a transição Scene-to-Scene é raramente utilizada na Banda Desenhada ocidental, fazendo parte do mainstream dos Comics Japoneses.

Preâmbulo "O meu livro e eu" - repaginação (storyboard)




Repaginação do preâmbulo (1.º capitulo):

Tendo em consideração os aspectos falados no post anterior, analisou-se a paginação inicial do preâmbulo do projecto "O meu livro e eu", (constituído por 7 pranchas) e verificou-se que seria necessária uma alteração que implica a introdução de duas páginas (mantendo a última prancha do preâmbulo numa página par).

Análise dos aspectos a rever na paginação inicial (descritos no post anterior):
1.º - Descrição do pai (tatuagem, brinco, etc.) - aproveitando-se a sequência inicial da apresentação dos personagens (2.ª prancha) introduz-se uma nova prancha detalha apresentação visual do pai. Nesta apresentação serão mostrados o brinco na orelha esquerda e a tatuagem.

2.º - O primeiro contacto da menina com o livro (reacção) - Este momento será colocado depois da entrega do livro à menina (5.ª prancha na imagem acima). Esta nova prancha irá descrever a reacção que o livro provoca à menina.

3.º - O gosto que o pai tem pelo cabelo comprido da filha - Esta ideia poderá ser reforçada em qualquer uma das pranchas acrescentadas.

Quanto ao livro, este terá de aparecer antes do momento em que o pai o apanha para oferecer à menina (3.ª prancha na imagem acima).

Imagem: Repaginação das primeiras pranchas correspondentes ao preâmbulo.
Esta nova paginação reflete as novas pranchas que terão de ser acrescentadas para que se descreverem alguns aspectos importantes da história. Desta forma, a adaptação do preâmbulo à Banda Desenhada poderá passar de 7 para 9 páginas. Permanecendo a última prancha da cena na página par, consegue manter-se o “efeito de suspense” pretendido desde o inicio.


Adaptação do preâmbulo - 1.º capitulo




Adaptação do preâmbulo - 1.º capitulo (1.ª abordagem):

No livro "Quadradinhos e Arte sequencial", Will Eisner afirma que na literatura o autor dirige a imaginação e na Banda Desenhada (comics ou HQ) o autor imagina pelo leitor.
Esta evidente diferença entre os dois medium implica que haja um cuidado mínimo na adaptação de uma obra literária à Banda Desenhada, devendo o esforço do autor centrar-se na preservação da identidade da história. Por essa razão, uma adaptação desta natureza não deve ser pensada de forma literal, havendo algum espaço para interpretação. Este "espaço" é tanto maior quanto menor for o detalhe do Guião.

“O meu livro e eu” foi criado e pensado para Banda Desenhada e neste projecto o autor escreveu, adaptou e desenhou. Nesta realidade, com base no guião, a primeira preocupação foi dividir cenas em acções, distribuindo-as por pranchas considerando sempre as mudanças de página (pares ou impares).

Cena da chuva:
A narrativa iniciou-se com a cena da chuva que contrasta o ambiente do quarto com o do exterior. Para esta cena foi considerada apenas uma prancha, que conduziu o leitor à cena seguinte - cena do quarto.

Cena do quarto:
Para tirar partido do “efeito de suspense” criado pela viragem da página (característica que define a BD), colocou-se a última prancha desta cena numa página impar. Desta forma cria-se alguma ansiedade ao leitor para o impelir a virar a página (em que neste caso se irá iniciar uma nova cena). Para estudar estas importantes transições fizeram-se estudos prévios, recorrendo a thumbnails. Este processo permite uma tomada decisões rápidas, seguras e acertivas, apesar do caracter ainda provisório do storyboard.

Imagem: primeiras pranchas correspondentes ao preâmbulo.
Estas primeiras pranchas ainda não descrevem muito bem três aspectos que irão ser importantes no decorrer da história:
1.º - Descrição do pai (tatuagem, brinco, etc.).
2.º - O primeiro contacto da menina com o livro. 
3.º - O gosto que o pai tem no cabelo comprido da filha.
Para além destes aspectos, a narrativa seria mais fluída se o livro aparecesse em cena antes de ser apanhado pelo pai (provavelmente em background).